
Esse é o Capítulo número três do Memórias de uma Gateira. O Primeiro, como vocês devem estar lembrados, é o da Mafalda. O Segundo, é uma capítulo curto e triste do Shoyo, um persinha bicolor preto e branco que não chegou a ficar um mês comigo e hoje está no céu dos bichinhos de estimação. O capítulo número três é o da Margarida, uma persinha cálico diluída de 5 meses.
A história da Margarida começa há mais ou menos um ano, quando vi uma gata cálico diluída da criadora que me vendeu a Mafalda, chamada Fiona. Simplesmente me apaixonei por essa variedade de cor, que parece quase que pintada à mão. Em novembro do ano passado, nasce uma ninhada de Fiona e nela havia vários bebês cálicos para a minha escolha. Eu demorei muito a fazer a reserva do filhote e quando entrei em contato com a criadora praticamente todos os bebês cálicos estavam já reservados. Mas o destino quis que Margarida fosse minha mesmo. Umas das reservas feita a um gatil foi cancelada e Margaridinha estava disponível.
Não preciso dizer que quando fui visitá-la me apaixonei. Ela era um bebê com o corpinho bem robusto. O rosto dela é creme, mas em cima da boquinha tem uma área bem pequena com pêlo na cor azul, parece uma pintinha. A coisa mais charmosa de se ver! Ela estava ainda muito sonolenta então não consegui brincar muito com ela.

No dia que a trouxe pra casa fiquei preocupada. Ao contrário da Mafalda, que chegou já toda à vontade reconhecendo a área, Margarida ficou meio assustada entocada embaixo do sofá. Além disso quando eu a pegava no colo ela chorava muito. Tive que conquistar aos poucos a baixinha! A adaptação com Mafalda foi rápida, teve uma semana de muitos Fuzzz e Mafalda de mau humor, mas logo tudo se ajeitou.
Margarida foi se ataptando a mim ao longo das semanas e se revelou uma gatinha simplemeste apaixonante. Como é fascinante o fato de gatos terem personalidades tão distintas e igualmente adoráveis! Margarida, ao contrario de Mafalda, é muito falante. Tudo ela mia ou resmunga. Também ronrona que só ela. Antes achava que Mafalda ronronava muito, mas nada se compara à Margarida. Basta receber um afago, por menor que seja, para que ela ligue o motorzinho. Margarida também tem muita energia, não só pelo fato de ser filhote. Não pára quieta um minuto, morde os meus dedos do pé durante a noite. Transborda simpatia pra quem quer que seja. Não há uma pessoa que venha a minha casa que não se apaixone por ela. Eu diria que ela é a personificação, ou melhor, a gatonificação da simpatia. E também é extrememente apegada, sempre está junto de mim, não importa onde eu esteja na casa. É só eu chamar que logo ela aparece toda ronronenta e curiosa. Mafalda, por sua vez, aprecia momentos de solidão em que pensa na sua vida de gato ou simplesmente dorme, não vem quando chamo, mas sim quando deseja. Acredito que se Margarida tivesse sido minha primeira gata, sofreria um pouco de solidão.
O que achei realmente curioso é que ao longo dos meses Margarida foi se posicionando na casa como a gata dominante mesmo sendo esse tiquinho de gato, ao contrário do que esperava, uma vez que Mafalda é a mais velha. Ela procura estar sempre em lugares onde fique mais alta em relação à Mafalda. Por exemplo, se Mafalda está deitada no assento do sofá, Margarida vai estar deitada em cima, no encosto. Com a sua chegada, comprei uma liteira maior e mantive a liteira menor pra dar mais comodidade a elas. Adivinha quem usa a liteira maior? Naturalmente que é Margarida, que nem tamanho tem direito para usá-la. Margarida é cheia de si. Precisam vê-la brincando com a Mafalda, pulando em cima dela e tentando pegar sua cauda. Pensa que é gente grande. Mafalda às vezes me olha nos olhos e quase que posso ouvi-la dizendo: "Dai-me paciência com essa tampinha!".

A felicidade em casa agora está completa. Costumo me referir a elas como "as meninas": "Vou levar as meninas no banho", "Vou ficar em casa com as meninas" ou "As meninas tão aqui dormindo comigo". E essa rotina deliciosa com minhas meninas que faz da minha vida tão mais feliz. Às vezes paro pra pensar como seria vida se não as tivesse por perto. Acho que teria enlouquecido e estaria falando com as paredes. É tão bom tê-las por perto para cuidar e me preocupar e além de tudo pra me gratificar com sua companhia e carinho. A casa é cheia de alegria, parece que tem criança mesmo. E Margaridinha é a flor mais bela do meu jardim. =)